domingo, 9 de agosto de 2009

Quem me roubou de mim?**


Tem coisas que acontecem na vida da gente que eu sou obrigada a chamar de "Intervensão Divina."
Fui a Livraria ontem para comprar um presente para uma conhecida, depois de pagar, olhei para tras e vi um livro, que por sinal eu ja conhecia o titulo, e também ja sabia que era um livro interessante. Como que por um impulso tirei-o da prateleira e disse para a moça: Este também.
O nome do livro: Quem me roubou de mim? Do Padre Fábio de Melo. Quem tiver lendo isso no minimo vai parar por aqui, porém, quem se der ao trabalho de continuar vai entender e se interessar pelo que eu escrevo.
Em primeiro lugar, pra quem não sabe, o Fábio de Melo, além de padre é formado em Filosofia, Teologia, pós-graduado em Educação e Mestre em Teologia Sistemática, logo o livro tem uma visão muito ampla de Filosofia, Teologia e um tanto de Psicologia. Enfim, ótimo curriculo, lindo, porém Padre. Mas vamos ao que interessa.
O livro tras consigo narrações de diversas pessoas que passaram pelo "sequestro" do seu EU.
E o que isso significa?
São pessoas que amaram demais porem não tiveram retribuição; Pessoas que se entregaram a outrém e não tiveram um pingo de coisa boa em troca. Foram sugadas, violentadas, abandonadas, mortas, tudo por alguém que as fez refém em seu mundo louco e absurdo, onde o amor vem em ultimo lugar.
Em oito horas eu havia lido o livro todo e pude perceber que em algum lugar da minha história eu tinha sido sequestrada, e também havia sido sequestradora.
Passei 4 anos da minha vida gostando de uma pessoa que gostava de mim por que eu era fragil e fazia tudo o que ele mandava, na verdade quase tudo, pois o que tinha mais importancia pra mim (na época) ele não tirou. Descobri no fim desses quatro anos que durante 1 ano ele estava comigo e com outra! Achei absurdo, baixo nivel, horroroso, e enchi ele de osso, falei tudo que precisava ser dito, tudo que estava engasgado aqui. 1 ano mais tarde ele me procurou e perguntou se eu estava bem, disse que sim, muito melhor agora do que antes com ele. Hoje ele esta casado e eu dou graças a Deus que isso tudo aconteceu. Ele havia sequestrado meu jeito meigo, minha fidelidade, meu jeito simples, minha inocência, e minhas verdades! Sequestrou minha personalidade. Vocês vão dizer que eu permiti. Sim eu permiti, eu só tinha 17 anos, eu não sabia do que as pessoas eram capazes.
Anos mais tarde, foi a minha vez de sequestrar alguém.
Conheci um cara, gente boa, julguei-o pelo jeito e me dei mal. Fui tirana, ciumenta, briguenta, discutia em publico, não confiava nele, mas eu gostava dele, (eu acho que gostava), e mantive isso por longos 2 anos. Não namorávamos, eu era diabólica demais pra ele. Só ele via isso. Nunca me disse nada. Quando eu fui morar em Jaraguá do sul, ele se sentiu livre, logo conheceu outra pessoa e saiu do cativeiro que eu havia criado. Foi dificil pra mim também. Mas foi bom, hoje eu sei que foi melhor para ambos.
Hoje com a cabeça no lugar, depois de vários encontros e desencontros, quedas, ajustes, conversas, leituras e muito estudo eu mudei. Não sequestro e não permito ser sequestrada.
Tenho personalidade, vida própria, aprendi a viver sozinha para agora aceitar os defeitos alheios e quem sabe encontrar alguém que pense "mais ou menos" como eu. Não quero alguém que concorde comigo o tempo todo, a minha sombra faz isso muito melhor, porem quero alguém que eu possa conhecer, (verdadeiramente), entender, apaixonar, gostar, e enfim quem sabe amar.
Eu quero alguém normal, com defeitos, com crises, com choro, alguém que me acrescente, alguém que abra a minha mente e meu coração e permita que eu faça isso com ela também. Alguém que chegue em minha vida e dilate meu mundo, não diminua-o.
Alguém que não me roube e também não permita que eu roube-o.
Pois relacionamentos são pontes que utilizamos para fazer travessias e para encontrarmos nós mesmos, e não para que responsabilizemos os outros por aquilo que gostariamos de ser e não somos.
Não permitam que sequestrem sua subjetividade, seu EU.

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